Se a pandemia nos obrigou a revisitar nossa relação com o ócio, hoje estamos passando a limpo nossa relação com a produtividade. E, dentro disso, as respostas ainda estão em construção. A engrenagem é tão complexa e pessoal que ainda não conseguimos chegar em um senso comum de qual é o melhor caminho.
É um tema que rapidamente gera polarizações. As pesquisas mostram que enquanto Empresas estão retomando ao trabalho presencial, profissionais preferem o modelo home office. Em 2021, eram 55,5% profissionais no home office, em 2022, esse número caiu para 34,1%. O trabalho híbrido também está diminuindo. O JP Morgan encerrou a jornada híbrida e vai retomar o trabalho presencial de 5 dias na semana (por enquanto para as lideranças). Para eles, a aproximação das pessoas é essencial para cultura da empresa. Em contrapartida, vão investir na nova sede que terá salas de ioga, ciclismo, espaços de meditação e uma abundância de áreas livres e repertório de última geração.
Na década de 90, o sociólogo italiano Domenico De Masi, criou o conceito de ócio criativo, valorizando que o “fazer nada” é uma forma de encontrar um equilíbrio entre trabalho e lazer, e nos permite ser mais produtivas, criativas e felizes. Em seu novo livro, O Trabalho no Século XXI, aborda que precisamos nos reeducarmos em relação ao trabalho, ainda mais porque entramos em uma era em que crescimento econômico e desemprego andarão juntos, já que produziremos mais com cada vez menos contribuição humana.
As expressões são importantes ilustrações do momento em que vivemos. Após a pandemia, falávamos em "desistir silencioso", pessoas que já estavam mais fora da empresa do que dentro, só não tinham avisado seus chefes. Agora, já se fala em “Desistir em voz alta”, tendência caracterizada por funcionários se desligarem ativamente de seus empregos e expressarem abertamente seu descontentamento.